Muito se queixa da qualidade dos serviços prestados por instituições e profissionais de saúde. Temos, hoje, uma realidade na qual todos estão insatisfeitos – de pacientes aos médicos, passando por hospitais, planos de saúde e empresas.
Um dos pontos centrais é a efetividade dos tratamentos. Claro que recursos tecnológicos, medicamentosos e assistenciais são fundamentais. Entretanto, a maior lacuna está na relação médico e paciente. Isto não se dá hoje, em muitos casos, baseada numa escolha técnica e de relacionamento. Por vezes, é escolhida dentro do rol oferecido em um plano de saúde.
É a relação do paciente com seu médico escolhido a base fundamental de um bom tratamento. O que se busca num tratamento médico? Diagnóstico, terapêutica, melhora ou cura e acolhimento. Busca compreensão de um estado de saúde. Precisa haver cumplicidade entre o paciente e o médico na busca do melhor resultado. Ambos são igualmente imprescindíveis.
O que se tem visto. Muita pressa. Pouca disponibilidade para ouvir e falar> Pouco tempo para investigar. Há urgência de todos na obtenção do resultado, mesmo que esta urgência torne precária a investigação, a adesão ao tratamento e, por consequência, o resultado.
Percebe-se uma lógica de consumo banal no consumo, na utilização de serviços de saúde. O consumo de bens e serviços cotidianos está baseado na facilidade de acesso, compra e uso. Os shoppings centers e lojas de departamento são exemplos: tudo no mesmo lugar, rapidez e uso. O que se diria dos sites de compras – mais fácil ainda, de produto em produto, de página a página com entregue em domicílio. Nos acostumamos a esse fluxo rápido e descartável.
O modo de viver de hoje tem contaminado a relação do médico com o paciente e do paciente com o médico. A pressa desnecessária rotulada de urgência tudo tem contaminado.
O correto é, diante de um agravo à saúde, sem características de risco à vida, buscar uma consulta agendada e daí seguir o processo de diagnóstico, um a um considerados os diagnósticos diferenciais, realizando exames complementares quando cabíveis, concluindo com uma proposta de tratamento e o resultado esperado. O processo requer visitas aos médicos, serviços de exames complementares, etc. Gasta-se tempo!
Há pouca paciência com o modo de fazer correto. Em consequência, a pressa tem abarrotado os serviços de emergência dos hospitais. Há dificuldade de se agendar uma consulta eletiva em tempo hábil. Assim, temos nos tratados nas emergências, ambientes para atendimento e tratamento imediato, não para a investigação e tratamento médico continuado. O paciente é atendido sobre sua queixa, medicado e, caso não melhore, retorna em outro plantão, com outro médico. Vê-se fotografias da doença e não o processo de adoecimento e de cura.
Muitos pacientes consideram esse fazer como bom, valorizando a rapidez de acesso e os exames no mesmo local (a mesma lógica do consumo cotidiano) e desconsideram o prejuízo na qualidade da assistência.
Buscar “seu médico assistente” é uma necessidade a despeito de se trocar planos de saúde. Somente ele bem saberá sobre minha saúde e com ele se terá a naturalidade de se falar sobre todos os aspectos da vida envolvidos no adoecimento. Fala-se que o médico assistente está em extinção. O que não pode ser extinto é o direito de cada paciente em ter um.
Uma boa relação médico – paciente se dá quando o conhecimento e as habilidades do médico são valorizados, preservando sua autoridade técnica. Havendo a participação ativa tanto do paciente quanto do médico, devido a isso há uma efetiva troca de informações e um comprometimento de ambas as partes.
A fim de qualificar a consulta médica, O Ministério da Saúde, através da ANVISA, no âmbito dos processos voltados para a segurança do paciente, estabeleceu um conjunto de 10 perguntas que devem ser feitas aos médicos:
Assim fazendo estaremos todos mais seguros.
Em resumo:
Lembrando: “A arte da medicina está em observar. Curar algumas vezes, aliviar muitas vezes, consolar sempre.” (Hipóc