Uma lógica para a saúde e qualidade de vida no trabalho

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Uma lógica para a saúde e qualidade de vida no trabalho

“Com a crise dos 300 empregados que tinha, restaram 68. Muitos gastos e quando olho a conta de exames médicos, audiometrias, etc. penso para que serve tudo isso!”

(empresário de metalúrgica – 2017)

 

É comum ouvir esse tipo de declaração. Normalmente, os especialistas dizem que o empresário não sabe e é o responsável por seu desconhecimento. Cabe destacar que nesse caso, a lei é cumprida por orientação de seu contador.

É comum que os especialistas falem da dificuldade de vender e prestar serviços de saúde e qualidade de vida às empresas. Falam muito das leis (obrigação) mas, muitas vezes, não informam nem formam os empresários sobre os benefícios de cuidar das pessoas nem a tradução de custo em investimento das várias iniciativas existentes.

É comum, também, que ações e programas de qualidade de vida sejam ofertados ou desenvolvidos como produtos isolados, sejam eles desenvolvidos pela organização ou por terceira parte.

As iniciativas da organização frequentemente partem do saber de um especialista ou do interesse em fazer algo. Encontram-se várias intervenções para qualidade de vida estabelecidas pela liderança isolada, sem o benefício da complementariedade da visão de conjunto de inciativas. Ocorre a competitividade de recursos entre os vários profissionais e setores envolvidos, muito se gastando, entretanto, longe da otimização do investimento e do resultado.

No campo da prestação de serviços terceirizados há realidade similar. Há a venda de produtos, qualificados e experimentados, isolados, desconectados da realidade de cada empresa e de outras iniciativas internas da organização e desvinculada de outros prestadores.

O cenário é predador de recursos, qualidade, resultados e formação do conceito de qualidade de vida no trabalho.

Do ponto de vista de cada empresa e da rotatividade dos empregos há dificuldade adicional. Construir um contexto para as ações de saúde e qualidade de vida no trabalho é mais fácil em empresas onde os trabalhadores permanecem por longo tempo. A gestão da saúde populacional é facilitada.

O fato de empresas trocarem seus colaboradores ou estes buscarem novos vínculos é somente um ingrediente a mais entre tantos desafios para estabelecer uma lógica para a saúde corporativa.

A lógica proposta está baseada em:

  • Modelo de Leavell & Clark, da história natural da doença, composto por três níveis de prevenção: prevenção primária, secundária e terciária;
  • Modelo de Marc Jamoulle de prevenção quaternária definida como o conjunto de ações que se desenvolvem visando a identificação de pacientes em risco de exames, medicalização e procedimentos, desnecessários (redução da iatrogenia), com o fim de os proteger de novas intervenções médicas inapropriadas e de lhes sugerir alternativas eticamente aceitáveis e
  • O curso da vida no trabalho, da admissão à demissão:

o   Seja ele todo o tempo no mesmo vínculo de trabalho.

o   Seja ele com vínculos simultâneos ou sucessivos. Nessa condição a construção de uma linha do tempo requer a coletânea de informações que, quando existentes, são fracionadas. O elo de ligação será sempre o trabalhador com sua história acumulada, ocupacional e de vida.

Assim, a ilustração apresentada ao início foi construída como uma das muitas lógicas facilitadoras da construção de uma linha do tempo de vida durante o trabalho, linha que forma uma trilha por onde percorrerão as várias iniciativas de saúde e qualidade de vida nas organizações.

O caminho é percorrido pelo trabalhador, nas várias modalidades de trabalho, sujeito recebedor e formulador de ações implementadas pela equipe de saúde ampliada (especialistas, gestores, colegas de trabalho e gestão de pessoas), recebidas indivíduo a indivíduo, em grupos de risco, por comportamento ou patologia, como fração da sociedade ou ampliada até a família e a comunidade).

Cada realidade modela a respectiva carteira de serviços. Cada realidade modela o porte de cada intervenção.

Da trilha construída, destacam-se:

  • Atividades permanentes ao longo de todo a jornada laboral:

o   Responsabilidade social, acessibilidade, código de ética, compliance e ouvidoria;

o   Uso da tecnologia para a saúde;

o   Gestão da saúde populacional e da assistência suplementar à saúde – Prevenção quaternária e

o   Sistema de prontidão e atendimento às emergências médicas.

  • Atividades sucessivas e recorrentes agrupadas (lista não exaustiva) em:

o   Prevenção primária;

o   Prevenção secundária;

o   Prevenção terciária e

o   Prevenção primária voltada para a longevidade.

  • Abordagem integrada voltada para a avaliação periódica da aptidão (relacionada ao absenteísmo por causa médica e não médica – excluídos os motivos administrativos):

o   Sinal de trânsito da aptidão (verde), passando pelas questões de presenteísmo (amarelo) e da incapacidade curta ou longa (vermelho).

  • Todos esses momentos são meros momento de um único todo e assim deveriam ser conduzidos.

A lógica apresentada serve como subsídio para enquadramento de quaisquer iniciativas e ações para a saúde e qualidade de vida nas organizações. Permite que um serviço específico, próprio ou contratado, seja oferecido dentro de um contexto organizacional e populacional. Permite a inserção imprescindível de todos os profissionais da área, do ambiente organizacional e de cada trabalhador.

Ver e pensar o conjunto oferece um norte e nào uma obrigação de tudo fazer e fazer grande e completo. O desafio será sempre ver o conjunto, reduzi-lo e adaptá-lo à cada realidade e saber prosseguir a um passo de cada vez.

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