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Está na moda! O processo de apequenar-se continua.

  • Está na moda estar ocupado e se dizer ocupado.
  • Está na moda fazer muitas coisas ao mesmo tempo, tanto na vida em geral quanto no trabalho.
  • Está na moda trabalhar além das horas.
  • Está na moda ficar ligado o tempo todo.
  • Muita coisa está, como sempre, na moda.

Entretanto, também,

  • Nunca esteve tanto na moda estar infeliz no trabalho.
  • Nunca esteve tanto na moda estar infeliz com a vida pessoal.
  • Nunca esteve tanto na moda ser intolerante.

E, principalmente,

  • Nunca fomos tão improdutivos podendo ser muito produtivos, como agora.
  • Nunca desperdiçamos tanto tempo, reclamando por mais tempo, como agora.

Produtividade, segundo o Aurélio é:

1 – Qualidade do que é produtivo.

2 – Fertilidade.

3 – Relação entre o que é produzido e os meios aplicados na produção.

 

É incrível a passividade com o que se vê no mundo do trabalho, nos dias de hoje. Os recursos são abundantes, o conhecimento é abundante e progressivo, as tecnologias de produção de bens e serviços amplamente desenvolvidas e disseminadas, e os meios de comunicação conectando tudo e todos o tempo todo.

Redes sociais disseminadas conectando logins e não pessoas.

Tecnologias que simplificariam o fazer disseminadas com a teórica difusão da ideia de que, fazendo com mais facilidade, teríamos mais tempo para as relações pessoais e para uma produção melhor.

Vejo um cenário contraditório e adverso a uma vida com mais qualidade, a um trabalho mais produtivo e pleno de significado e à vida corporativa produtora de resultados e inspiradora para seus consumidores, colaboradores e acionistas.

A produtividade está solapada pelo excesso de fazer. Produzir exige início, meio e fim. Produzir exige pensar, analisar, programar, criticar, rever e principalmente entregar.

Uma pequena tarefa feita do início e que chega ao fim, de modo simples, em espaço de tempo curto, concluída, sucedida de nova tarefa, assim por diante, que sonho! Esta opção somente frustra aos “ocupados dependentes”.

Hoje vê-se o transbordamento de tarefas e atividades para cima das pessoas e dos vários compartimentos organizacionais. Tudo pedido ao mesmo tempo como se o dia comportasse mais de 24 horas. As metas, avaliações de desempenho e etc. estabelecem métricas para o inalcançável. Sabe-se que não serão atingidas e mesmo assim são “acordadas”.

Esse modelo atual está esgotado e vejo que as pessoas nas organizações assim também o enxergam. Está faltando a coragem para se questionar esse modelo e propor melhorias. Todos querem mudar e todos esperam que o outro dê o primeiro passo. Um empregado, mesmo no encargo gerencial é um cidadão no pleno compromisso com sua cidadania. Deve ser protagonista.

A consequência da pletora de tarefas inconclusas faz com que as organizações gastem tempo e dinheiro para controlar metas e listas de tarefas. Gasta-se no controle e não no aperfeiçoamento do como está sendo feito e no atendimento de cada um dos clientes das várias etapas do processo produtivo.

Abriu a “boca do jacaré” do projeto perfeitamente elaborado? Reunião, crítica, alguns puxões de orelha e replanejamento até que a boca abra de novo.

Nunca um trabalhador foi tão intelectualmente capacitado, considerando qualquer atividade profissional. Todos nós hoje estamos mais informados, escolarizados, formados, graduados, pós-graduados, etc. Todo este conhecimento deveria permitir a plena utilização do conhecimento, da capacidade intelectual, para melhores produtos, processos, bens e relações interpessoais. Afinal, trabalhamos para além da subsistência. Trabalhamos por realização e desenvolvimento pessoais e das pessoas que nos cercam.

Hoje estamos abdicando da entrega da plena capacidade intelectual. Não há tempo. Tempo somente para um “tarefismo” sem fim.

A entrega de um trabalho de qualidade, intelectualmente diferenciado exige concentração. Concentração desde o pensamento primário até a entrega do resultado.

Concentração é artigo escasso. Algumas pessoas têm a capacidade de, após serem interrompidas, retomarem o curso original. Esta não é a característica mais comum. A maioria, ao ser interrompida, se perde. Segue daí um conjunto de fragmentos de várias iniciativas simultâneas, condenadas a não se concluir jamais.

O impacto desse modelo sobre as organizações e as pessoas é tremendo. Enorme custo financeiro de se muito fazer e pouco concluir. As pessoas procrastinam, “empurram com a barriga” prazos e tarefas até o limite extremo. Limite alcançado ou cobrança recebida, simplesmente surtam (adoecem, se afastam do trabalho ou se tornam cínicos diante da cobrança recebida).

Cada vez mais o trabalho é coproduzido, in loco ou à distância. Equipes são complementares, seguindo regras de convivência e produção. Coproduzir exige agenda comum, tempo comum, objetivo comum e dedicação de todos para que se chegue ao fim. É mais difícil concluir, no tempo certo, quando se trabalha em conjunto. Concluir sozinho é mais rápido e, muitas vezes, com menor qualidade.

A coprodução requer foco, concentração generosidade intelectual e compromisso com a entrega.

É interessante observar que este modo improdutivo e adoecedor está inserido nas áreas administrativas, na rotina do cotidiano e junto às estruturas de poder organizacionais. As áreas de chão de fábrica, sob o regime de turnos de revezamento e as áreas distantes que requerem transporte especifico têm, como antídotos o final do turno de trabalho e os horários rígidos do transporte.

As áreas administrativas, de baixo risco decorrente do trabalho, optaram por inserir riscos psicossociais desnecessários condutores de baixa produtividade e bem estar.

Todos, pessoas e empresas, querem produzir, ganhar, melhorar, crescer e serem felizes.

É preciso se desligar de redes sociais full time (cada coisa a seu tempo). É preciso se desligar do “multitarefismo” como modelo.

É preciso recuperar a privacidade pessoal e profissional mesmo que se trabalhe em salões abertos e comuns e que se viva em condomínios com áreas sociais comuns e fabulosas.

O momento é de se trabalhar com mais qualidade. Viver com mais qualidade. Entregar resultados às organizações e estas aos seus clientes. Entregar a nós mesmos uma vida melhor.

Segundo o Aurélio, produtividade também é fertilizar. Precisamos desintoxicar os ambientes e relações de trabalho. Precisamos desintoxicar nossas vidas.

O trabalho faz parte da vida. É necessário.

Basta de andar em círculos e coragem para mudar, um passo de cada vez.

Afinal, qual é o propósito de toda essa vida?

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