Ao longo do trabalho em ambientes organizacionais, observei uma dificuldade uniformemente presente, voltada sobre como os serviços de saúde ocupacional, em seus vários níveis de complexidade, deveriam estruturar a prontidão para enfrentar situações de emergência.
Claro que em plantas industriais aonde riscos e acidentes estão ou possam estar presentes, há uma maior atenção à resposta às ocorrências.
A perda de foco pode estar relacionada ao baixo número de ocorrências (positivo) o que pode reduzir a atitude de prontidão, a obsolescência dos recursos e a desatualização técnica e de habilidades das equipes de saúde.
Quando uma organização, além de seus colaboradores, é aberta ao público externo, consumidores, fornecedores, etc. o risco de acidentes aumenta.
Não se pretende ter recursos e estruturas sofisticadas para se ter “segurança máxima”. Não é razoável nem tecnicamente indicado. A variável custo x benefício precisa ser considerada.
Ninguém vive em frente a um hospital de emergência para se sentir seguro. É básico e preciso que o treinamento em primeiros socorros para os colaboradores de uma organização seja efetivamente implantado, reciclado e a performance obtida deveria ser medida.
Algumas situações reais que ajudam a situar esse tema:
· Turista estrangeiro, caminhando pela calçada em frente a uma empresa sofre uma queda, fratura o fêmur e é trazida por outros transeuntes para dentro da organização. Há recursos para o atendimento desta lesão? O que fazer?
· Em supermercado, consumidor escorrega em grãos de arroz que estavam no chão, sofre queda com consequente luxação completa do tornozelo. Há recursos para o atendimento desta lesão? O que fazer?
· Empilhadeira dirigida por funcionário habilitado atropela consumidor em área de vendas, ocasionando fratura do pé. Há recursos para o atendimento desta lesão? O que fazer?
· Cliente sofre infarto agudo do miocárdio dentro de loja de departamentos. Há recursos para o atendimento desta lesão? O que fazer?
· Filho menor trazido a escritório pela mãe sofre convulsão. Posteriormente foi informado que se tratava de caso de meningite meningocócica. Há recursos para o atendimento desta lesão? O que fazer?
· Fornecedor ao entregar equipamentos industriais em depósito de área industrial sofre um acidente vascular cerebral – AVC seguido de parada cardíaca. Há recursos para o atendimento desta lesão? O que fazer?
· Explosão em depósito de tintas de uma indústria química com incêndio de grandes proporções atingindo conjunto residencial contíguo à planta. Há recursos para o atendimento desta lesão? O que fazer?
Os exemplos acima mostram que, mesmo que se tenha um processo de trabalho seguro e um ambiente controlado, a prontidão precisa ser tecnicamente estruturada, pois, como vimos, emergências acontecem.
Apresento este texto que será seguido por outros quatro, propondo a discussão de alguns pilares que deveriam ser analisados para que se possa responder as seguintes questões, considerando as especificidades de cada organização:
· Qual seria a estrutura física, de recursos materiais e equipamentos que a organização deveria ter para garantir a prontidão?
· Qual seria a formação adequada da equipe assistencial?
· Quais meios de transporte são necessários (carro, ambulância básica, UTI)?
· Quais seriam as referências hospitalares para onde os casos seriam encaminhados?
· Quais patologias crônicas deveriam ser consideradas no planejamento da prontidão?
· Quais as condições ambientais precisam ser consideradas?
· Mesmo que substâncias químicas estejam em sistemas fechados, como analisá-las sob o aspecto risco em caso de acidentes?
· E principalmente, em quanto tempo pretende-se que a equipe médica chegue ao local da ocorrência?
A proposição desta publicação é abranger, sem evidentemente ter a pretensão de esgotar, os seguintes aspectos:
1. Qual é o cenário do negócio frente aos requisitos da prontidão médica?
2. A variável geográfica. Local da instalação, proximidade dos sistemas hospitalares e trânsito
3. A variável populacional. As doenças crônicas que possam requerer assistência de urgência e a ocorrência de acidentes.
4. A variável RISCOS (químicos, de acidentes, biológicos, físicos e ergonômicos)
5. Os meios de transporte e o porte do serviço
6. A proposição de um índice resultante do produto das variáveis citadas.
O diagrama que abre esta publicação resume e dá o roteiro da reflexão proposta.